domingo, 30 de janeiro de 2011

O início

Não sabia como tudo começara, mas estava ali. Fora jogada no magma de uma dor desumana que consumava o seu interior. Ela sangrava. Seus olhos saíram da órbita e foram parar, grudados, no teto do quarto escuro. Aquilo queimava na mesma velocidade que uma faísca corria em um percurso de pólvora. Doía. Moída. Dilacerava. Ardia. A morte era melhor do que aquela situação. Não a sua. Não. Não era melhor. Era pior. Era pior porque era rápida. Leva oito segundos e não queria só aquele pouco tempo de sofrer ao outro. Queria mais. Muito mais. Coisa de gerações. Filhas. Netas. Bisnetas. Ele. E aquela vontade saía da sua boca sem culpa. Suave saía. Sem remorso. Sem culpa. Culpa. O que era isso? O que significava isso? Sim. Culpa de não ter sido a mais filha da puta do que fora. Nível máximo. Coisa extrema. Coisa profana. Até que sua vingança silenciosa começou a ser projetada. Aos poucos.