Odeio sentir raiva por
tabela. Ainda mais quando é causada pela falta de maturidade de algumas pessoas.
Uma coisa é ter que suportar as inseguranças de um adolescente de 12 anos. Outra
é ter que lidar com a ignorância causada pela infantilidade de um ser humano
com meio século de vida.
Mas acho que o que me
deixa mais colérica são os efeitos fisiológicos deste sentimento. A quantidade
de adrenalina no sangue beira à overdose e eu, definitivamente, não consigo
disfarçar quando estou irritada com alguma coisa. A expressão congela, a voz fica
mais acentuada e eu não falo tão devagar quanto costumo falar. O pior de tudo é
que a gastrite vem na mesma proporção da minha raiva, dá um chute na porta do estômago e grita “oi!”, mesmo depois de tomar vários copos d’água, colocar uma música para tentar me
acalmar.
Não, eu não aturo certas
coisas por tabela. Se eu gosto de uma pessoa, eu gosto apenas dela e não
necessariamente tenho que simpatizar com o kit completo da qual ela faça parte.
E eu não gosto de outras pessoas porque elas fazem parte do pacote. Gosto delas
porque gosto e ponto. A minha tabela é formada, apenas, pelas características
de uma só pessoa, que por si só forma um todo.
Sempre imagino que temos
que passar por certas situações para que possamos evoluir. Mas às vezes
questiono se tudo não seria mais simples se existissem naves em que pudéssemos
embarcar tudo e todos que gostamos e sumir para um mundo só nosso. Sim,
isso seria impossível. Mas ainda questiono que, se temos que evoluir, crescer
ou seja lá o que for, à base de provações, que nos tiram tanta energia, será
que temos o tempo suficiente para aproveitar essa tal “evolução”? Por mais que
tentemos não dar espaço para a raiva, sempre tem algo que toma um filão das
nossas vidas para esse sentimento aí. E quando chega essa hora, dá vontade de fazer o que o clipe abaixo sugere: