sexta-feira, 15 de junho de 2012

O sentir


Odeio a forma como algumas pessoas reagem a certas situações. Fico ainda mais indignada quando a tal reação está diretamente ligada à indiferença. Acredito que 99,9% da população em idade apta a se envolver emocionalmente ­- seja com amigos, namorados, maridos ou qualquer outra possibilidade que seja - está propensa a passar por isso ou já fez isso.

Um grande amigo, assim como eu estive em sua pele um dia, vive isso atualmente. Um belo dia resolveu mudar a sua vida por alguém, que, depois de vários anos de relacionamento, de respeito e cumplicidade o trata com indiferença após um mero desentendimento. Ele sofre, pensa, fica triste, se desespera. Para não sofrer mais, evita saber dos dias do outro lado. Conversa para resolver a questão? Não. Pois a pessoa está "ótima", como nunca antes. Ela faz de conta que a vida está perfeita. Sai, bebe, tira fotos sorrindo com vários amigos "legais" e faz questão de postar nas redes sociais como forma de dar um soco na cara do passado, representado pelo ex. Fico me perguntando: a quem essas pessoas pensam que enganam? A si próprias? Que tolice. Não tem como: fins doem e isso É uma regra. Não, não estou defendendo a tese de que uma fase como essa é digna de uma bela fossa, mas acho que qualquer momento é digno de verdade. Soa muito falso o seu interior estar cravado pela dor - que é isso, sim, o que se sente - e você fingir que tudo está lindo. É feio. É horrível.

Cada momento deve ser vivido de acordo com a proposta que ele apresenta. Se é para ser feliz, seja. Se é para chorar, chore. Se é para sofrer, sofra. Só assim conseguimos ver e aprender o real sentido de cada sensação, de cada momento e aproveitar ao máximo o âmago de todos aqueles que se opõem de forma positiva. A vida não tem que ser feliz o tempo todo. Isso seria muito chato, da mesma forma que seria estranho estar mergulhado em um mar de melancolia. Lembro de uma amiga me dizendo isso há alguns anos. Durante uma carona da faculdade até o estágio, íamos conversando sobre coisas da vida. Ela, indignada, perguntava "Por que temos que ser felizes o tempo todo? Por quê? Que coisa chata!". Das muitas conversas que tivemos durante alguns quilômetros da rodovia que pegávamos naquela época, essa foi uma das que me marcaram e que eu nunca vou me esquecer.