sábado, 7 de abril de 2012

A saudade


Pela primeira vez na vida senti a dor de ter um amigo longe. De saber que quilômetros de distância entre São Paulo e Berlim nos separariam por tempo indeterminado. Senti o aperto no peito de ter sido egoísta e de não ter ido a sua despedida ao ler a mensagem que ele deixou para mim: "Você sabe que eu tive vontade de chorar. Tipo MUITO."

Figo. Esse é o sobrenome de um cara chamado Anderson. E eu me lembro muito bem do nosso primeiro contato que, mais para frente, renderia muitas conversas, risadas, discussões, uma viagem e vários trabalhos de faculdade juntos. Lembro daquele garoto que parecia o personagem Tintin, do belga Hergé, na faculdade, que, apesar da pouca idade - ele começou o curso aos 17 anos e terminou aos 21 (!!!) - tinha e tem uma personalidade bem solidificada em certos pontos.

Foi ele o meu melhor companheiro acadêmico. Foi ele quem dividiu comigo os momentos de recalque diante de tanta mediocridade de algumas pessoas. Foi ele quem me deu uma das maiores forças diante de um dos momentos mais complicados da minha vida. Foi atencioso, carinhoso, me ligava todos os dias para contar como tinha sido a sua rotina e para me perguntar se estava tudo bem. Ocupou um vazio enorme que me fazia sangrar com todas essas atitudes.

Meus olhos pesados de sono que revisam essas palavras não sentem vergonha ao se encherem de lágrima na frente do meu editor e de alguns repórteres que tiveram a sorte de estar de plantão de Páscoa no dia em que se comemora o Dia do Jornalista - profissão que eu e ele escolhemos - ao lembrar de todo esse passado com uma das pessoas que considero das mais queridas da minha vida. E o choro preso na garganta neste momento não me impede de dizer: obrigada por tudo, amigo querido. Saiba que aqui no Brasil ficaram muitas pessoas que sentirão a sua falta, mas que estão vibrando para que seu caminho tenha muita luz. Brilhe sempre, Figo. Pronto, agora posso soltar o choro de uma saudade antecipada na escada de emergência.