quinta-feira, 15 de março de 2012

O tudo


Foi preciso sete casas, dois cães, 14 viagens de férias, um carro, uma moto, três bicicletas e inúmeras brigas para ver que o amor tinha chegado ao fim.

Dilacerados, eles se perguntavam o que havia restado. Tinha restado a vida cômoda da acomodação no outro. As facilidades de não ter que desbravar, descobrir, lutar para conquistar aquilo que se deseja.

Tinha sobrado as trivialidades da indiferença, das reações pré-moldadas, cheias de pó. Tinha ficado todas as coisas adquiridas recentemente, mas que já estavam fadadas ao velho. O tempo tinha consumido tudo. E o tudo que causava a ânsia do querer para si tinha se transformado no mesmo tudo que repele, que individualiza.

Entre cacos que estavam no meio do caminho e perfurava a pele dos pés, ficava a pergunta: o que seria escrito dali em diante se não existia aquilo que um dia os tinha unido? Quais histórias seriam contadas? Os contos das solicitude dos dias em comum? Dor.

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